A neuralgia induzida pela osteonecrose cavitacional da mandíbula (NICO) é uma patologia que está sendo descrita recentemente na literatura científica e pode ser definida como uma síndrome de dor crônica, com etiopatogenia infecciosa, ou seja, são lesões causadas por microrganismos que se proliferam na região de um trauma no osso alveolar com consequente osteomielite localizada e necrose óssea.
Como tratamento para a NICO, a literatura cita a curetagem do tecido ósseo afetado e infiltrações locais com soluções e agentes antimicrobianos e/ ou uso de anticoagulantes orais, porém, apenas 50% dos casos abordados apresentam a redução da dor e resolução do quadro.
O presente estudo tem como objetivo relatar um caso clínico de NICO em mandíbula e os benefícios do uso da Ozonioterapia como um tratamento complementar com o objetivo de promover ação antimicrobiana e estimular o reparo ósseo.
Foi relatado o caso de um homem de 74 anos, que lhes procurou inicialmente em busca de alívio da dor de neuralgia do trigêmeo por compressão de disco, deslocamento de disco com redução e sobrecarga dos músculos mastigatórios devido à fadiga muscular e alteração da inervação motora e sensorial do trigêmeo devido à compressão condilar e sinusite. Na avaliação clínica e radiográfica, foi verificado que o paciente apresentava supostas alterações, sugestivas de áreas de necrose em mandíbula. Para confirmação do diagnóstico foi realizada Tomografia Computadorizada de Risco, Cone Beam (CBCT) i-CAT™ (CAT). Para avaliar as medidas de densidade óssea para localização da osteonecrose, utilizamos um parâmetro fundamental descrito em unidades Hounsfield (HU). No exame clínico, observou-se dor na palpação do 4º quadrante (aumento da sensibilização periférica induzida por mediador inflamatório da osteonecrose) e neuralgia do trigêmeo (caracterizada por episódios recorrentes de dor facial muito intensa, breve e semelhante a choque elétrico).
Foi realizada a cirurgia para a curetagem da região do 4º quadrante, com o desbridamento completo e o local foi irrigado com solução salina saturada de ozônio medicinal (80 µg/mL) (Declaração de Madrid, Adriana Schwartz et al, 2020). Além disso, foi realizada a aplicação de plasma rico em plaquetas (PRP) utilizando o ozônio medicinal como ativador (40 µg/mL) e, por fim, foi colocado cimento de enxerto ósseo.
No dia da cirurgia o paciente apresentava dor entre 7 e 8 pontos, de acordo com a escala visual de dor (EVA). No 4º dia de pós-operatório encontrava-se bem, com 4 a 5 pontos na escala EVA. O paciente estava assintomático após 30 dias de acompanhamento e recebeu colocação de implante 90 dias após o procedimento de NICO.
Os autores apontam que um dos possíveis mecanismos de ação é a estimulação da oxigenação tecidual na área afetada, liberação de fatores de crescimento e ação antimicrobiana. O uso da Ozonioterapia é justificado por seus rápidos benefícios, facilidade de uso e baixo custo. Portanto, o uso da Ozonioterapia parece ser um tratamento eficaz em pacientes com NICO e pesquisas futuras serão muito importantes para traçar estratégias preventivas.
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Referência:
Dias Gomes, João Antonino et. al. (2023). Ozone therapy for neuralgia-inducing cavitational osteonecrosis: case report. Ozone Therapy Global Journal Vol. 13, nº 1, pp 117-133.